Ciência sem Fronteiras – Guilherme Lima

A University of Groningen, criada em 1614, detentora de uma rica tradição acadêmica, é uma das maiores instituições de pesquisa da Europa, reconhecida por sua qualidade de ensino e infraestrutura e, por isso, está no “Top 100 University” das melhores do mundo.

Localizada na cidade de Groningen, na província de mesmo nome, a RUG (como é conhecida) é a segunda instituição de ensino mais antiga e a terceira maior da Holanda.

Com toda essa história e qualidade, a RUG foi o destino do aluno da 6.ª série de Engenharia Química da Mauá, Guilherme de Macedo Rooweder Lima.

Guilherme foi contemplado pelo programa “Ciências sem Fronteiras” em 2013 e conta como foi a experiência de estudar em um país bem diferente do Brasil.

Confira a entrevista:

Blog da Mauá – Por que escolheu Engenharia Química?

Guilherme Lima – Entrei na Mauá para fazer engenharia e com o tempo e a oportunidade na primeira série de experimentar todas as áreas, acabei me interessando mais pela Engenharia Química.

Blog da Mauá – Quando surgiu a vontade de fazer um intercâmbio? Por que escolheu como destino a Holanda?

Guilherme Lima – Essa é uma ideia que vem de muitos anos, desde antes da graduação, Quando apareceu a oportunidade do Ciências sem Fronteiras, no início não dei muita atenção, pois achei não conseguiria, até que um grande amigo meu, André Rosolem, batalhou e conseguiu. No final, foi ele que me convenceu e me incentivou a tentar. Na época eu não tinha um destino específico, mas entre as opções acabei optando pela Europa e no caso, o país que me chamou mais atenção foi a Holanda, pelo estilo de vida, pela história do país e pela política liberal.

Blog da Mauá – Quando você embarcou, qual foi a sensação de estar indo para uma experiência como um intercâmbio?

Guilherme Lima – Embarquei em 25 de janeiro de 2013. A sensação foi excelente e assustadora ao mesmo tempo. Você não acredita até pisar no país de destino! É uma mistura de felicidade, entusiasmo, liberdade e um pouquinho de tristeza por ter deixado família e amigos no Brasil, mesmo sabendo que voltará em um ano.

Blog da Mauá – Ao chegar na Holanda, qual foi a sua primeira impressão? Lá é muito diferente do Brasil?

Guilherme Lima – Fiquei assustado, eu parecia um estranho. O choque da língua é muito grande, mas me acostumei rapidamente. Lá é bem diferente, primeiro que para cada carro que você vê na rua existem pelo menos umas 100 bicicletas. Todos os prédios tem aparência de antigos, mas são bem conservados. Minha primeira impressão foi a de um pais pacato, amigável na medida do possível, bem organizado e que seria maior do que eu esperava (mudei de ideia logo, pois o país é bem pequeno e em 3 horas de trem você o atravessa). A cultura da bicicleta foi algo que me chamou muito atenção, lá eles enxergam isso como um mero meio de transporte, nada mais.

Blog da Mauá – Durante o período em que esteve na Holanda, você ficou hospedado onde?

Guilherme Lima – Fiquei hospedado em uma casa com mais 3 pessoas. Nós mesmos alugamos a casa e pagávamos todas as contas juntos. Eram 3 quartos, mas no começo colocamos uma quarta pessoa na sala, pois era grande o suficiente. Durante esse ano morei com estrangeiros, nunca holandeses ou brasileiros, apesar de haver um grupo de amigos (brasileiros e holandeses) que estavam sempre em casa para festas e jantares.

Blog da Mauá – Como era o seu dia a dia como universitário da Holanda?

Guilherme Lima – Era bem tranquilo. Pela manhã, tomava café com os amigos que moravam comigo e ia para a aula de bicicleta (15 min). Ficava lá a maior parte do meu dia assistindo às aulas e fazendo pesquisa, depois voltava pra casa e algumas vezes estudava, outras vezes saia pra encontrar os amigos. Nos finais de semana sempre tinha alguma festa ou jantar com amigos brasileiros ou estrangeiros. Nos feriados aproveitava para viajar um pouco para outros países, pois os preços de passagem e hospedagem são bem acessíveis. A cidade era bem pequena, mas com “cara” de grande, com muitas lojas, parques, clubes com dezenas de atividades e até uma “praia” que não se compara com as brasileiras, mas “quebrava um galho”. Como a cidade é pequena, em 30 min de bicicleta você chega a qualquer lugar, além do transporte público ser muito eficiente.

Blog da Mauá – Do que mais você sentiu falta do Brasil? E agora que voltou, do que mais você sente falta da Holanda?

Guilherme Lima – Além da saudade da família e de grande amigos que eu tenho no Brasil, eu senti muito falta de algumas comidas brasileiras e do Sol, que era raro por lá, mas quando aparecia todos iam para o parque. Hoje aqui no Brasil sinto falta da bicicleta, mas não do objeto, e sim da facilidade que isso proporciona na locomoção. Para mim, aqui no Brasil, é impossível, pois moro muito longe da Mauá. Sinto falta também da segurança que eu tinha na Holanda, nesses poucos dias que estou aqui, minha família já sofreu com assalto, o que me deixa indignado, pois isso eu não tinha preocupação nenhuma em relação à isso.

Blog da Mauá – Como era a universidade em que estudou? O ensino em Engenharia é diferente com relação ao da Mauá?

Guilherme Lima – A RUG é tão excelente quanto a Mauá, o método de ensino é diferente, mas acredito que isso é devido a cultura do país e não por ser melhor ou pior. A grande diferença que notei entre elas foi a quantidade de alunos estrangeiros estudando ou fazendo pesquisa, o que também não pode ser um comparativo por que a RUG já trabalha com esse programa há muito tempo, além de ter 400 anos.

Blog da Mauá – Em relação a sua área de Engenharia Química, quais foram os conhecimentos adquiridos durante o intercâmbio? Quais eram as disciplinas que cursou?

Guilherme Lima – Entre as matérias que fiz, a de Tecnologia do Produto foi a que mais despertou meu interessei e na qual fiz uma pesquisa para o professor responsável. Abriu minha mente não só para estrutura do produto ou do processo como ele é feito, mas também para o antes, desde o brainstorm, até a hora em que chega ao consumidor. Adquiri mais conhecimento, com certeza, com a pesquisa.

Nos anos de Mauá eu nunca fiz pesquisa, nem mesmo iniciação cientifica, do que hoje eu me arrependo. Sempre tive um pouco de preconceito com isso, pois meu foco sempre foi trabalhar ou ter meu próprio negócio. Não tinha pretensões de fazer mestrado ou pós-graduação, mas hoje penso nisso, e a pesquisa que eu fiz me rendeu muitos frutos.

Adquiri muito conhecimento trabalhando no laboratório e escrevendo a monografia final da pesquisa. Nela eu tive total liberdade para fazer o que eu achava que deveria para chegar ao meu objetivo, mas sempre acompanhado de um doutorando, o Rodrigo Araya, que foi essencial na minha pesquisa e ainda me ajuda muito em algumas decisões acadêmicas, além do meu coordenador, o Francisco Picchioni, que também me apoiou e me ajudou muito durante todo o processo.

Blog da Mauá – De forma geral, a experiência que você teve valeu a pena? Como você acha que essa experiência pode influenciar na sua futura carreira profissional?

Guilherme Lima – Essa foi uma das melhores experiências que eu já pude ter, não me arrependo de nada. Foi excelente! Aprendi e cresci muito nesse ano, não somente academicamente ou profissionalmente, mas na minha vida particular e social. Essa experiência vai melhorar meu currículo, minha forma de lidar com os problemas, as pessoas e as situações em que deveria dar mais importância ou menos. Hoje em dia, penso não somente em uma carreira profissional aqui no Brasil, mas também fora, pois existem muitas oportunidades em todos os lugares, basta você estar disposto a mudar.

Blog da Mauá – Você indica o Ciência sem Fronteiras para os outros alunos da Mauá?

Guilherme Lima – Com certeza! Apesar da pressão, grande mudança e de mexer com o seu psicológico. Uma experiência inesquecível! Durante o tempo em que está lá você se pergunta, algumas vezes, se vale a pena, mas no final é como se tivesse ganhado o maior prêmio da sua vida! Será algo que você vai poder contar para sua família, filhos e netos e terá muito orgulho disso.

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