Com tantos destinos possíveis para realizar intercâmbio por meio do Ciência sem Fronteiras, os alunos acabam decidindo levando em conta inúmeros fatores, desde fluência no idioma, paixão pela cultura, clima e até o desejo de fugir dos países de destino tradicionais.
A aluna da quarta série de Engenharia de Produção da Mauá, Beatriz Macri, somou a vontade de infância de conhecer o Canadá com o fato de que esse é um destino não muito escolhido pelos interessados no programa Ciência sem Fronteiras, pois geralmente os estudantes preferem um país europeu. Normalmente o Canadá é lembrado apenas pelas baixas temperaturas, mas possui uma tradição cultural, acadêmica e de qualidade de vida invejável.
Beatriz ficou em Toronto, maior cidade do Canadá, a quarta maior da América do Norte e uma das mais multiculturais do mundo. Seu intercâmbio realizou-se na Universidade de Toronto – a mais antiga instituição de ensino superior do Canadá – uma universidade pública, fundada em 1827, que oferece 16 cursos de graduação, 10 hospitais-escola e renomados institutos de pesquisa.
Ficou com vontade de saber mais sobre intercâmbio no Canadá? Confira a entrevista que o Blog da Mauá fez com a aluna Bruna Macri:
Blog da Mauá – Por que você escolheu Engenharia de Produção?
Beatriz Macri – Escolhi Engenharia de Produção por que as técnicas de melhorias e as otimizações que aprendemos podem ser utilizadas na maioria das empresas, independentemente do segmento.
Blog da Mauá – Quando surgiu a vontade de fazer um intercâmbio? Por que escolheu como destino o Canadá?
Beatriz Macri – Desde pequena, sempre tive vontade de sair do Brasil para conhecer novos lugares. Diferentes culturas e experiências interessam-me muito, porém, nunca havia tido a oportunidade de fazer um intercâmbio por conta própria. Assim que ouvi falar do programa “Ciência sem Fronteiras” achei que não poderia ser de verdade tudo o que estavam falando, mas um conhecido me disse que estava indo pelo programa e, quando percebi que poderia tentar também, me inscrevi na hora!
Lembro que, quando tinha 10 anos, já falava que queria morar no Canadá, pois tinha ouvido falar da qualidade de vida naquele país. Na hora de me inscrever, pesquisei sobre as universidade de lá e vi que a qualidade de ensino era muito boa. Também ouvi falar muito bem das cidades. Outro fator que levei em consideração ao me inscrever é que, como há menos pessoas querendo ir para o Canadá em comparação aos EUA, achei que teria mais chances de entrar em uma universidade melhor. Tive sorte de ser encaminhada para a melhor do país, a Universidade de Toronto. Dou muito valor para isso, pois lá pude aprender valores e novos conhecimentos que, com certeza, mudaram o rumo da minha vida profissional e pessoal.
Blog da Mauá – Quando você embarcou, qual foi a sensação de estar indo para uma experiência como um intercâmbio?
Beatriz Macri – Embarquei para Toronto no dia 01.01.2013. A sensação foi muito boa, pois sempre sonhei com uma oportunidade igual a essa e, ainda por cima, indo para uma cidade tão legal! Estava muito ansiosa para chegar logo! Nunca estive tão animada para enfrentar uma experiência nova!
Blog da Mauá – Ao chegar no Canadá, qual foi a sua primeira impressão? Lá é muito diferente do Brasil?
Beatriz Macri – Bom, sinceramente, a primeira coisa que presenciei foi o frio canadense, já que cheguei bem no meio do inverno. Fui tão preparada que colocava seis camadas de roupas e nem conseguia me movimentar direito, mas depois de alguns dias isso se tornou um detalhe muito pequeno perto de tudo o que eu estava presenciando! Desde o primeiro minuto me surpreendi com a educação e a honestidade extrema da população. Com a bondade e iniciativa para ajudar os desconhecidos, com todos os carros que param para os pedestres atravessarem, com a estrutura e a qualidade da Universidade de Toronto, com o funcionamento do sistema público de saúde, entre outras coisas! O interessante é que eu me identifico muito com a maneira de viver no Canadá, então isso tornou a minha adaptação muito mais fácil. É bem diferente do Brasil, os valores da sociedade e o estilo de vida são bem diferentes. Apesar de Toronto ser uma cidade grande, me sentia num lugar muito confortável, seguro e tranquilo, o que com certeza, para mim, é bem diferente de São Paulo!
Blog da Mauá – Durante o período em que esteve no Canadá, você ficou hospedada onde?
Beatriz Macri – Fiquei hospedada em um apartamento alugado no centro da cidade. Lá na Universidade de Toronto é complicado conseguir residência estudantil, pois são muitos alunos. Então, a maioria tem que achar um apartamento ou casa, fora do campus, para alugar e dividir com outros estudantes.
Blog da Mauá – Como era o seu dia a dia como universitária do Canadá.
Beatriz Macri – Meu horário de aulas era muito variado, cada dia eu tinha um horário diferente. Geralmente acordava um pouco antes da aula, tomava café da manhã e ia para a universidade. Após a aula, eu ia para a academia ou ia estudar em algum lugar ou voltava para casa para cozinhar e almoçar! Nos finais de semana, geralmente dava para me divertir um pouco mais e conhecer a cidade. Em Toronto, principalmente durante o verão (sim, existe verão no Canadá), há muitas atividades acontecendo, como festivais de rua e shows musicais de graça. Também existem muitos pontos turísticos, parques e lugares bonitos de se ver e então eu procurava conhecer todos os lugares!
Blog da Mauá – Do que mais você sentiu falta do Brasil? E agora que voltou, do que mais você sente falta do Canadá?
Beatriz Macri – Sentia falta principalmente da família, amigos e da comida brasileira! Adaptei-me muito bem e quando voltei, no final de dezembro de 2013, sofri um choque cultural muito grande, no qual ainda estou passando. Sinto muita falta da cidade, da qualidade de vida e da segurança que Toronto oferece. Também sinto falta da educação das pessoas da cidade, da tranquilidade e da facilidade de se viver lá.
Blog da Mauá – Como era a universidade em que estudou? O ensino em Engenharia é diferente com o da Mauá?
Beatriz Macri – É uma estrutura totalmente diferente da Mauá, começando por ser uma Universidade, com vários cursos diferentes e um foco mais voltado à pesquisa. Lá também há vários institutos e departamentos voltados a desenvolver diferentes habilidades dos alunos, promovendo atividades no campus, desde palestras e workshops, até festivais de música e atividades beneficentes. Também existem muitos “clubes” organizados por alunos, com temas variados, como passeios ao ar livre, seriados, xadrez, finanças, religiões, culturas diferentes, algum país específico, etc. Neles, os alunos organizam várias atividades para fazer e conversar sobre o que gostam e conhecer novas pessoas, o que achei muito interessante de observar. O ensino é muito bom, principalmente em Engenharia, pois eles são considerados entre os 15 primeiros do mundo! Em matérias obrigatórias, acredito que a Mauá tenha um nível bem próximo, porém, a maneira como o conteúdo é explicado em sala de aula e cobrado na prova é muito diferente. No Canadá a competição é muito alta entre os estudantes, o que faz todos se dedicarem 100% aos estudos, sempre querendo se superar e superar a concorrência. Estranhei um pouco no começo, mas depois percebi que é isso que torna-os tão bons! Eles não se acomodam com nada, questionam o que não concordam e fazem de tudo para serem os melhores. Com isso, aprendi muito como ir em busca do conhecimento e me esforçar para ter o melhor aproveitamento na Mauá e melhorar como profissional.
Blog da Mauá – Em relação a sua área de Engenharia de Produção, quais foram os conhecimentos adquiridos durante o intercâmbio? Quais eram as disciplinas que cursou?
Beatriz Macri – O meu caso foi um pouco específico, pois todas as matérias de Engenharia de Produção que eu poderia cursar não consegui, pois precisavam de uma matéria como pré-requisito, que eu não tinha feito no Brasil ainda. Assim, fui para lá com o objetivo de aprender habilidades diferentes que não poderia aprender tão facilmente aqui no Brasil. Fiz cursos mais voltados para habilidades interpessoais e empreendedoras, como Desenvolvimento de Liderança, Empreendedorismo para Engenheiros, Habilidades em Time e Psicologia para Engenheiros. Os cursos que fiz lá mudaram muito meu comportamento profissional e meus valores e princípios como pessoa e isso tornou meu intercâmbio uma experiência incrível e inesquecível.
Blog da Mauá – De forma geral, a experiência que você teve valeu a pena? Como você acha que essa experiência pode influenciar na sua futura carreira profissional?
Beatriz Macri – Valeu extremamente a pena! Eu faria tudo de novo e mais vezes se fosse possível! Aprendi muito nessa viagem e posso dizer que melhorei como profissional, pois hoje tenho objetivos diferentes para a minha vida. Tenho meus pensamentos mais estruturados sobre o que e como quero fazer na minha vida profissional. A viagem também mudou meu conceito de entender o que é uma vida pessoal feliz e satisfatória, e, portanto, hoje sei melhor a direção que tenho que tomar para atingir meus objetivos de vida.
Blog da Mauá – Você indica o Ciência sem Fronteiras para os outros alunos da Mauá?
Beatriz Macri – Indico sem pensar duas vezes! Incentivo todo mundo com quem converso para irem pelo CsF, é uma oportunidade na vida que pouquíssimas pessoas no mundo tem! Na Universidade de Toronto eles nos diziam que nenhum outro programa de bolsa universitária do mundo tem todos os benefícios que temos pelo Ciência sem Fronteiras. Também acredito muito que todos os estudantes precisam ter uma experiência internacional para abrirem seus horizontes e se tornarem pessoas e profissionais melhores. A oportunidade de aprender a língua inglesa (ou qualquer outra língua) com imersão total, já é um grande diferencial das pessoas que participam de um intercâmbio, além de todas as outras habilidades que podemos adquirir em um novo país. Se estiverem em dúvida se será bom ir ou não, digo, com certeza, que você não irá se arrepender. Os desafios são muito grandes e não será fácil, mas será muito compensador e a melhor experiência da sua vida.