Henrique Flores, campeão na ginástica e nos estudos

Quando criança, certamente já lhe perguntaram: “O que você quer ser quando crescer?” E à medida que os anos foram passando, você pôde viver diversas fases repletas de experiências e desafios que o ajudaram a descobrir suas aptidões, sonhos e objetivos.

Sabemos que responder a essa indagação não é tarefa fácil. Afinal, muitas opções invadem nossos pensamentos e dedicar-se a todas elas parece ser uma ‘missão impossível’. Mas será mesmo tão impossível assim?

Henrique Medina Flores, mais conhecido como Henrique Flores, tem 24 anos, 18 dos quais dedicados à ginástica, e  é aluno da 5.ª série do curso de Engenharia de Controle e Automação da Mauá, provando que é possível realizar todos os sonhos, apesar das inúmeras dificuldades enfrentadas e da imensa dedicação exigida por ambos os desafios.

Desde pequeno, sempre foi incentivado por sua mãe a fazer três atividades: estudar almejando uma vaga numa boa universidade, fazer um curso de inglês e praticar esportes. Henrique jogava futebol, fazia natação, entre outros. Aos 6 anos de idade estava na capoeira, mas sentia-se prejudicado por sua estatura. “Os meus colegas tinham em média 12 anos. Eu era muito novo, baixinho e não conseguia acompanhar os exercícios. Então disse para minha mãe que não iria mais às aulas”, disse Flores.

Na mesma época, seu amigo inscreveu-se para o teste da equipe de ginástica de São Caetano do Sul. A mãe desse seu amigo resolveu comentar com a dele sobre essa oportunidade, pois imaginou que Henrique teria facilidade nesse esporte devido às suas experiências anteriores. “Eu tinha 7 anos quando fiz o teste e fui convocado na hora, para começar a treinar já no dia seguinte. Comecei treinando 1 hora ao dia, 2 vezes por semana. Os técnicos ‘olheiros’, que identificam os alunos com mais aptidão e disciplina para seguir carreira no esporte, escolheram-me para fazer parte do pré-treinamento, passando a treinar de 4 a 5 vezes por semana, de 2 a 3 horas por dia; dali fui selecionado oficialmente para o treinamento, que passou a ser de segunda a sábado, numa média de 5 a 7 horas de treino diário.”

(Foto: Thiago Lavinas)

Mesmo no meio de tanto treino e dedicação à ginástica, Henrique  também descobriu o desejo de tornar-se Engenheiro de Controle e Automação. “Eu sempre tive facilidade em física e matemática. Na escola, assisti a um vídeo do dono da LEGO e encantei-me com sua história. Por isso, passei a participar das aulas de robótica, desde o ensino fundamental, até o ensino médio. Nos últimos 2 anos, a minha agenda começou a apertar e tive de sair das aulas, mas meu professor tornou-se um grande amigo. Ele ia me ver no ginásio sempre que podia e permitia que eu fosse às aulas quando possível. Eu tinha esse interesse, gostava de mexer nos equipamentos e sempre aprender mais sobre o assunto.”

Henrique escolheu a Mauá porque acreditou no ensino inovador e diferenciado: “Cheguei a pensar em não fazer um curso superior nesse período de atleta, mas minha mãe convenceu-me a não desistir desse sonho. Tive interesse em duas faculdades renomadas de Engenharia da região; uma delas é a Mauá e um amigo que já estudava na Mauá fez ótimas indicações sobre o ensino e as oportunidades que ela oferece.

Eu gosto muito do curso. A primeira e a segunda séries foram muito difíceis, mas percebi que era exatamente isso que eu queria fazer.

Como atleta, penso em unir essas minhas duas áreas. Nós treinamos muito no exterior e vemos muitas aparelhagens simples lá fora que não existem no Brasil, soluções que não há quem faça por aqui. Penso em ajudar, com a minha profissão, os atletas que estão vindo.”

Agora, como será que ele consegue conciliar trabalho e estudos? “Viajo muito e cheguei a ficar cerca de dois meses fora, além dos treinos no dia a dia. Os estudos ocorrem na madrugada e os amigos são simplesmente essenciais. Eu levo o computador nas viagens, pois eles gravam as aulas ou fazem resumos para me enviar por e-mail. Quando retorno, eles me ajudam com explicações sobre as matérias.

Devido a essas condições, os professores também costumam entender e me ajudar sempre que podem. Quando eu estou estudando, foco em aprender os conceitos, pois,  com uma definição bem entendida, resolvo qualquer problema. Tenho de correr atrás; não posso desistir.

O meu único medo está no fato de eu não possuir experiência;  falta-me  tempo. Mas converso muito com os professores sobre isso, que me ajudam e me orientam a fazer cursos de especialização sempre que puder, para manter-me atualizado.

Levar a carreira de atleta e ser estudante de Engenharia ao mesmo tempo parece loucura para muitos. Sempre me perguntam por que não faço uma faculdade mais fácil, mas vejo a Mauá como diferencial.”

Henrique provou ter foco e determinação em ambas as carreiras. Como ginasta especializado no aparelho de argolas, no início de 2014 subiu ao pódio na Copa de Doha, capital do Qatar, conquistando a prata; também em 2014, foi ouro na última etapa da Copa do Mundo na Colômbia. A soma dessas duas medalhas garantiu-lhe o troféu de melhor atleta do ano em todo o mundo no aparelho de argolas, feito inédito nessa competição.

Outro prêmio marcante foi obtido em maio deste ano na Copa do Mundo no Brasil, quando garantiu a prata e fez a primeira ‘dobradinha nas argolas’ com Arthur Zanetti, seu amigo e companheiro de treino, que conquistou o ouro. “Estar ao lado da torcida ‘de casa’ dá um gostinho a mais! Além disso, esse prêmio foi muito importante para mim porque, devido a uma fratura que tive no pé, estava ainda com dores, recuperando-me da lesão.”

Agora, Henrique Flores trabalha rumo aos próximos desafios:

. julho / agosto: Troféu Brasil – Aracaju;

Seletiva para outras competições internacionais. Se classificado, irá para a Copa do Mundo na Croácia em setembro;

. outubro: seletiva para mundial;

. novembro: campeonato brasileiro;

. algumas competições ainda não confirmadas;

. treinos com foco nas Olimpíadas 2016;

. outra Copa do mundo a acontecer no Brasil;

. janeiro de 2016: evento pré-Olimpíadas (seletiva).

Se classificada, a sua equipe será a primeira a obter esse mérito. Entre os 13 integrantes da equipe, somente 5 irão representar o Brasil nas Olimpíadas, portanto haverá uma seleção interna, mas amigável: “Nós torcemos pelo Brasil e no nosso meio não há brigas. Nós nos respeitamos muito e sabemos admirar as conquistas dos colegas.”

Ufa! quanta coisa esse atleta e estudante de Engenharia enfrenta em seu dia a dia! Mais do que o cansaço físico, seu preparo emocional para enfrentar tantos desafios é o que nos torna grandes admiradores de seus feitos.

Henrique passará uma temporada no Rio de Janeiro para dedicar-se ao esporte. Mas nós ficaremos na torcida, esperando seu regresso à Mauá.

Parabéns, Henrique Flores, exemplo de determinação e dedicação! Sucesso!

 

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