Para quem assiste da arquibancada pode até parecer brincadeira, mas só os alunos sabem o trabalho que dá criar um avião para o SAE Aerodesign. Afinal, de 22 a 25 de outubro, no CTA de São José dos Campos, eles tiveram a grande oportunidade de colocar no céu o trabalho pesado desenvolvido por quase um ano inteiro.
As equipes Asterix e Obelix estiveram desde janeiro trabalhando teoria (desenhando o modelo, escrevendo relatórios, estudando as características de cada material e até do vento na cidade) e prática (testando motores, hélices, asas, sempre com as ferramentas na mão) para representar a Mauá na grande competição de aeronaves em tamanho reduzido.
Quem explica melhor como tudo isso funciona é o capitão da equipe Obelix, Fernando Vieira, do 4º ano de Engenharia Mecânica:
E mesmo depois de 10 meses, ninguém teve descanso. Eles chegaram na quarta-feira à noite em São José dos Campos e no dia seguinte já visitaram o ITA e a Embraer. Também fizeram a apresentação dos aviões, quando mostraram tudo o que sabem sobre os projetos e as teorias estudadas para levantar vôo com eficiência e segurança.
De sexta a domingo, sempre bem cedinho, desde as 7h da manhã, todos estavam na oficina, correndo de um lado para o outro. Testa motor, entela a asa, lixa o leme, pesa a carga. Qualquer detalhe faz uma grande diferença no sucesso do projeto.
Entretanto, não é isso que deixa clima pesado. A oficina gigante, que abriga as 90 equipes, também é um lugar de muita festa e bom humor. Quando alguém precisa, umas emprestam para outras suas ferramentas, batem papo e trocam informações sobre suas criações. Para se ter uma idéia, deu até tempo de inventar um aniversário de mentira para Luiza Soares de Mello, da equipe Obelix.
A Aerodesign é uma competição tão importante na vida profissional dos estudantes, que não só muitos participam mais de uma vez, como mesmo depois de formados ainda voltam para encontrar os antigos professores e ver os novos representantes da Mauá. Nessa edição, estavam lá junto do professor Joseph Saab (que acompanhou o trabalho dos atuais estudantes) os ex-alunos Fábio Saad e Rogério Reder Gimenez.
Os dois têm belas carreiras e já integraram as equipes Asterix e Obelix em anos anteriores. O primeiro trabalha na empresa de recrutamento Robert Half e ficou entre os 25 melhores headhunders da empresa no mundo no ano passado. O segundo está na Liebherr-Aerospace Brasil, que há quatro anos no Brasil fabrica trens de pouso para a Embraer.
Entusiasmado, ele até fez questão de ir com o antigo uniforme para assistir e prestigiar a nova geração:
A torcida e o apoio deles acontece de longe, já que a área de trabalho dos alunos é altamente restrita. Após preparar o avião, eles se inscrevem para a inspeção. Quando chega essa hora, o frio na barriga aumenta, já que os fiscais irão avaliar o funcionamento de todas as partes do avião e até a presença do piloto, indicando locais onde são necessários pequenos reparos para obter autorização de vôo.
Em seguida, o avião vai para a área de abastecimento, o último passo antes da fila que leva para o vôo. Daí em diante, é só esperar um a um os competidores decolarem. Mesmo quando isso não acontece e o avião fica no chão ou cai antes de terminar o trajeto, os competidores são solidários.
“Aplaudimos todos os aviões, pois todos os competidores sabem o quão difícil é chegar até aqui”, explica o aluno Luiz Gustavo Basílio de Alvarenga, do 5º ano de Engenharia de Controle e Automação.
Enfim chegou a vez do Obelix, primeiro avião da Mauá a ganhar o céu. O capitão Fernando Vieira vai para a pista e autoriza a decolagem:
O avião subiu e desceu dentro dos espaço de decolagem e pouso permitidos com a carga mínima de 3,5kg, garantindo na terceira e última bateria a classificação para a parte final da competição. O avião volta para a oficina e a equipe discute as mudanças a serem feitas.
Uma pausa rápida para o lanche e todos estão prontos para o próximo vôo, agora com os 10kg prometidos no projeto. A partir desse momento, os aviões podem decolar quantas vezes quiserem. A única limitação é o tempo. Escureceu, a competição acaba e o melhor vôo é o que vale para a somatória dos pontos.
Já para o Asterix, dos novatos, a sorte não foi a mesma. A direção do vento dificultou o equilíbrio no céu. O avião até decolou, o que já é um grande mérito (uma vez que muitos concorrentes não saíram do chão), mas no meio do trajeto, ele não resistiu. Não que isso seja um problema, como explica o professor Joseph Saab: “Às vezes os alunos ficam tristes, mas só de chegarem até aqui e colocarem o projeto na competição, já é um aprendizado muito grande”.
O mesmo garante a estudante do 2º ano de Engenharia Elétrica, Isabela Bartellege:
Na somatória dos pontos, que inclui uma série de itens como projeto, apresentação do avião para os juízes, vôo, pouso e principalmente, a carga levada, a Obelix, que trabalhou até domingo, conseguiu a 4º colocação – entre noventa competidores. É o melhor resultado da Mauá na história do Aerodesign, atrás somente de Cefast, do Cefet-MG, EESC-USP e Uai Sô Fly!, da UFMG, especializadas em Engenharia Aeronáutica.
Como não passou da primeira fase, a posição da Asterix ainda não foi divulgada. Porém, mais importante que a colocação, é o aprendizado que o evento proporciona. São dez meses trabalhando em cima de um mesmo projeto, o que requer muito esforço e dedicação. E como mostraram nossos ex-alunos, o resultado dessa gratificante experiência traz uma importante experiência, não só para a profissão, mas também para a vida.
Parabéns a todos os membros das equipes, fui participante da equipe MAUA aerodesign por 3 anos e hoje com 3 otimos resultados seguidos a maua se consolida como uma grande força da competição, tudo isso é resultado de muita dedicação.
A Mauá completou 10 anos de aerodesign, parabéns a todos os que passaram por essas equipes e eu inclusive sugiro um encontro entre esses para que possam trocar experiências pois a Mauá é equipe grande no AERODESIGN.